Páginas

domingo, 29 de agosto de 2010

O que é Trade Marketing?



O que é Trade Marketing?
Podemos afirmar que é apenas um tipo de promoção conjunta da indústria com o distribuidor varejista?


Existe um entendimento simplista sobre o que é o conceito de Trade Marketing, reduzindo-o a uma atividade de merchandising. Próximo ao que ocorria com o conceito de Marketing (e muitas vezes ainda ocorre) que é reduzido à atividade de Propaganda.

O conceito de Trade Marketing responde à necessidade das empresas de produtos de consumo que observam uma mudança radical no ambiente de mercado, mais especificamente no papel dos varejistas que passam a ter cada vez mais poder junto aos consumidores e junto às empresas fornecedoras.

È importante para o entendimento do conceito, acompanhar as mudanças que ocorreram no mercado nestes últimos anos com os participantes do processo de comercialização:

- o fabricante, que com as estratégias de segmentação e posicionamento amplia cada vez mais seu portfólio de produtos gerando uma proliferação de marcas e variedade de produtos;

- o canal de distribuição com a crescente concentração do poder em poucas redes de varejo e com a construção da sua própria imagem e conseqüente lançamento de produtos de marca própria;

- o consumidor que começa a manter uma relação mais estreita com o varejo e que para a maioria das categorias de produtos decide a compra no ponto de venda, sendo fortemente influenciado pela disponibilidade e pela atratividade do produto no momento da compra.

Estas mudanças fizeram com que as relações entre fabricantes, varejistas e consumidores finais tornaram-se mais competitivas, mais críticas e mais complexas, a partir destas mudanças ocorridas no ambiente.

As relações fragmentadas entre os negociadores e entre os próprios setores da organização, dão lugar a relações integradas que promovem ações conjuntas, envolvendo vários setores da empresa e do cliente.

A visão simples de curto prazo, de que uma vez feita a venda do produto ao varejista finda responsabilidade do fornecedor, é substituída pela visão complexa de médio e longo prazo, de desenvolvimento de negócios conjuntos que melhorem a venda ao consumidor final e que tragam melhores resultados.
É neste contexto que surge o conceito de Trade Marketing como forma de orientar e apoiar as atividades de marketing e vendas, trabalhando em conjunto para conseguir satisfazer as necessidades do consumidor final e do cliente varejista.

Nas relações de mercado tradicionais, a ação do varejista não era vista como estratégica e era entendida apenas como uma etapa intermediária entre o fabricante e o consumidor final.

A decisão de ver o varejista como um cliente e não como um canal de distribuição representa uma mudança significativa na orientação de negócios do fabricante. Frases como “gerenciamento dos canais de distribuição” pressupõem uma posição de poder que o fabricante não detêm nos dias de hoje.

Naturalmente a marca continua sendo uma fonte de poder do fabricante, e uma condição essencial para poder estar ocupando espaços no mercado, mas frente aos varejistas o fabricante só poderá usá-la como instrumento de poder se tiver certeza que o consumidor ao não encontrar a marca no ponto de venda não efetuará a compra e irá buscá-la em outro lugar. Tradicionalmente, as ações de Marketing se concentravam majoritariamente no consumidor final (marketing pull) e as ações de Vendas se concentravam majoritariamente nos clientes (marketing push) não considerando o momento da compra no ponto de venda que é realizada pelo shopper.

O conceito de Trade Marketing entende que o contato do consumidor com o produto e com o ambiente competitivo se dá no ponto de venda e que a estratégia de marketing deve estar visível para o consumidor nesse espaço e nesse momento de decisão de compra.

A influência e importância que o varejista tem junto ao consumidor final deve ser gerenciada de tal forma que o consumidor final tenha visibilidade da estratégia de marketing estabelecida pela empresa.

Sob o ponto de vista da organização o Trade Marketing complementa a atividade de Marketing (focada no consumidor final) e de vendas (focada no cliente varejista) estudando as estratégias de ponto de venda e os fatores motivacionais do shopper nesse ambiente e a partir daí estabelecendo ações operacionais que atendam esses objetivos estratégicos.

Em função da abrangência de suas atividades, o responsável pela área de Trade Marketing deveria ter uma visão multidisciplinar e capacidade para desenvolver um forte poder de interação social e negociação. Em sua atividade diária, sob o ponto de vista da empresa, estará lidando com diversos assuntos relativos à área de marketing tais como; produto, promoção, material de ponto de venda, comportamento do consumidor e preços; tratará ainda de aspectos de logística de entregas, de programação de produção, de finanças, de administração de vendas e outros.

Sob o ponto de vista do cliente, estará trabalhando com assuntos relativos à exposição de produtos, giro de estoques, margem de rentabilidade, motivação da equipe de vendas do cliente, promoções e campanhas de vendas, dentre outros. Em suas atividades diárias, será um solucionador de problemas, buscando a harmonia e o relacionamento duradouro com o cliente por meio de negociações que conduzam à cooperação e não ao conflito.

Para entender a abrangência do conceito é necessário analisar o Trade Marketing mix que assim como no Marketing Mix, é um termo utilizado para descrever a combinação dos elementos e ações que aplicados, constituem as principais ferramentas da empresa na aplicação do conceito de Trade Marketing.
As variáveis que fazem parte do Trade Marketing Mix são:

Promoção – onde o principal objetivo é conseguir o balanceamento entre a promoção do produto no ponto de venda e as promoções gerais de preço, buscando ainda o equilíbrio com a propaganda dirigida ao consumidor final, para construir a imagem da marca e do produto.

Vendas – desenvolvendo opções de ações de ponto de venda e de interação com o cliente que permitam concentrar as discussões de vendas na visão de longo prazo do negócio e na estratégia das empresas envolvidas.

Serviço – é o principal elemento de negociação e atendimento, normalmente existirão diferenças entre o que o varejista deseja e demanda e o que o produtor pode efetivamente fornecer.

Produto – procurar diferenciação por meio da inovação ou de produtos dedicados ou exclusivos que ajudem o varejista a manter seu nível de competitividade e administrando o mix de produto por cliente buscando minimizar o conflito de canais.

Preço – a concentração neste item como o principal ponto de negociação deve ser evitado, buscando ampliar o conceito para o valor dos produtos e serviços oferecidos.

Presença de Mercado – buscar a otimização da presença no ponto de venda destinando recursos em função das necessidades demandadas por cada cliente.

Resultados e Rentabilidade – o resultado total da empresa é obtido pela somatória dos resultados individuais, e, portanto o custo de atendimento e as margens obtidas em cada cliente devem ser apurados; devendo ainda ser estabelecido objetivo individual de margem e rentabilidade para cada cliente e não apenas de volumes de vendas.

O Trade Marketing considera cada cliente como um mercado e a aplicação dos elementos de seu composto serão utilizados para maximizar a participação e a lucratividade em cada cliente individualmente.

Os elementos do Trade Marketing mix permitirão que a empresa aplique e desenvolva uma política de mercado voltada para o consumidor final, por meio do desenvolvimento de suas relações de negócios com os varejistas.

A aplicação dos conceitos de Trade Marketing na organização pode ser feita formalmente com a formação de uma estrutura que contemple a função específica de Trade Marketing, junto às funções de vendas e marketing ou produto; ou de maneira informal com o estabelecimento das ações de vendas e marketing e do gerenciamento de contas especiais.

As ações e a operacionalização do conceito de Trade Marketing não se contrapõem às ações de vendas e marketing tradicionais, a sua diferenciação está no fato de tratar o mercado de consumidores finais por meio das ações comerciais desenvolvidas junto ao canal de distribuição em geral e aos principais clientes em particular e em reconhecer a independência e a influência do cliente no processo de decisão de compra junto ao consumidor final.

Portanto, embora a atividade mais visível do Trade Marketing seja a de Propaganda, Promoção e Merchandising no Ponto de Venda, devem ser desenvolvidas atividades relacionadas ao Mix de Produtos, Preços, Vendas, Serviços e Logística, Sistemas de Informações e Resultados e Rentabilidade.

Os objetivos de Trade Marketing só poderão ser alcançados se houver um envolvimento completo em todas as atividades e uma integração entre as mesmas, já que uma atividade promocional ou de merchandising, por exemplo, irá depender do posicionamento de preço e das margens, do posicionamento e disponibilidade dos produtos, da ação de vendas e nos acordos estabelecidos com o cliente, na pronta reação de logística e de serviços no acompanhamento do giro e do abastecimento dos produtos no ponto de venda e finalmente só poderá ser avaliado o sucesso da operação se os resultados forem positivos.


Texto do livro "100 Dúvidas de Marketing", a ser publicado no 2º Semestre de 2007 pela Editora Saintpaul.










Por Prof. Dr. Francisco J.S.M. Alvarez

sábado, 7 de agosto de 2010

Relacionamento com o Consumidor


Por Rafael Mauricio Menshhein

Uma das estratégias mais destacadas atualmente é o relacionamento com o consumidor, mas para que o profissional de Marketing possa criar este vínculo entre a empresa e o consumidor deve conhecer as variáveis que estão embutidas no mercado.
Poucos sabem que fidelizar um cliente é um investimento de longo prazo, usam estratégias apenas para vender um único produto e sentem-se felizes com isso, deixando com que a concorrência possa oferecer produtos e serviços com diferenciais no mercado.
O que ocorre é a falta de preparo para atender este consumidor que hoje tem muito mais conhecimento sobre os produtos que qualquer vendedor de uma loja, a Informação está disponível a qualquer hora do dia na Internet, o que permite que o consumidor possa comprar o que realmente necessita ou deseja.
Alguns dos pontos que mais influenciam no relacionamento entre o consumidor e as empresas são:
  • Ações sociais das organizações: a comunidade está mais atenta para empresas que prestam serviços sociais, com a intenção de devolver a sociedade a mesma atenção que lhe é direcionada na compra de produtos e serviços, também une a organização e as pessoas em favor do bem comum para todos;
  • Atendimento qualificado: hoje atender não é mais dizer o que o consumidor deve levar para a sua casa ou empresa, o vendedor deve tornar-se um consultor, instruído para demonstrar que produto se adapta da melhor maneira aos desejos e necessidades do consumidor;
  • Características do produto: algumas vezes o consumidor pode estar equivocado quanto ao produto que deseja comprar, mesmo conhecendo o produto existem certas características que o consumidor não conhece quanto ao uso, desta forma entra em ação a figura do consultor;
  • Ética da organização: um consumidor não irá comprar produtos de empresas que degradem o ambiente, que usem de meios ilegais para produzir ou que não respeite os direitos dos colaboradores e do consumidor, é importante que a ética faça parte da cultura organizacional;
  • Valor do produto ou serviço: o que torna o preço do produto adequado às suas características, não é o que a empresa oferta, mas o que o consumidor percebe;
  • Marca dos produtos e serviços: um consumidor que têm um bom relacionamento com uma determinada empresa sempre busca, em compras futuras, a mesma Marca, por isso é necessário que além de produtos e serviços, a empresa ofereça diferenciais para que o consumidor seja fidelizado;
  • Preço: atualmente as empresas não podem mais focar seus produtos em preços, o conjunto do mix de Marketing deve ser equilibrado e trazer a melhore relação benefício/custo ao consumidor, de forma perceptível; mas há casos em que o produto é praticamente igual ao do concorrente ou até mesmo um produto de mesma Marca, mas vendido em lojas diferentes irá atrair a atenção do consumidor para o preço diferente, então ele optará pelo menor preço.
Enquanto o mercado evolui há empresas que param no tempo, utilizam estratégias antigas ou não atualizam o seu foco, por isso é essencial que o profissional de Marketing estude o mercado, obtenha os dados antes da concorrência e elabora estratégias com a Informação correta.
O mercado é dinâmico, o consumidor conhece cada vez mais os produtos e serviços ofertados e chega em qualquer lugar mais informado, por isso é importante que toda a organização esteja preparada para criar um relacionamento com o consumidor, chegando ao sucesso e permitindo um feedback positivo na maior parte do tempo.

Fonte: http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos1/Relacionamento_com_o_consumidor_em_marketing.htm

Gafisa estreita relacionamento com o consumidor para vender mais

Construtora investe em programas e serviços para manter negócios em diferentes faixas de renda por todo o país

Por Rayane Marcolino, do Mundo do Marketing 
Lançar mais de mil produtos em 56 anos de vida não seria um número tão surpreendente se o assunto não fosse empreendimentos imobiliários. Para alcançar esse resultado, a Gafisa contou com investidores que capitalizaram a empresa, permitindo a realização de um número cada vez maior de projetos, a compra de duas concorrentes e a atuação em diversas faixas de renda.

As empresas Gafisa, Tenda e Alphaville têm empreendimentos em 100 cidades de 21 estados brasileiros.  Só em 2010 serão lançados imóveis em 42 municípios, calculados em R$ 5 bilhões. Desse total, 45% é representado pela Tenda, que atua junta a um público de menor poder aquisitivo.

Para manter esses resultados, a Gafisa investe não só em obras, mas também em trabalhar a credibilidade de sua marca, inovação, serviços diferenciados e, principalmente, em ouvir as exigências do consumidor, desde a customização do projeto até a uma ouvidoria.

Serviços personalizados
De olho na busca por produtos adaptados às individualidades do consumidor, a Gafisa investe em projetos “artesanais”, que buscam unicidade desde o momento em que são desenhados e ainda podem ganhar mais detalhes com a opinião do comprador. “O primeiro passo na criação de um projeto é analisarmos a região em que estamos e o público que queremos atingir”, afirma Luiz Carlos Siciliano, Diretor de Marketing e Vendas da Gafisa em entrevista ao Mundo do Marketing.

Para isso, a construtora organiza comitês que discutem desde o tipo de terreno às ações de Marketing e a concorrência local para cada empreendimento.  “Precisamos ouvir nosso cliente, mas também temos que estar à frente dele ‘adivinhando’ suas necessidades”, garante o executivo. Por esse motivo, a empresa disponibiliza serviços cada vez mais específicos.  Notadas as necessidades de lazer, a construtora investiu em grandes projetos de condomínios que são também clubes.

Além disso, o serviço Pay per Use disponibiliza opções de eletricistas, Office-boys, sala de reuniões e até mini-lan houses em determinadas obras. Devido ao custo de manutenção desses serviços, eles ficam restritos a imóveis da Gafisa. “Para o cliente da Tenda, o mais importante é ele ter a sua casa própria”, afirma o profissional de Marketing.  Para a construtora, o relacionamento é tão importante, que para se aproximar ainda mais o cliente, a construtora investe no programa “Viver Bem”.
Relacionamento é o mais importante
O programa de relacionamento que existe há dois anos vem crescendo com parcerias que vão desde arquitetos para auxiliar na decoração do imóvel, a descontos em bares, em comércio eletrônico e lavanderias. “Buscamos parceiros que tenham a ver com o cotidiano de quem vai morar em nossos empreendimentos”, explica Siciliano.

Além disso, a marca possibilita ao cliente a customização de seu imóvel. Pelo site da Gafisa, o comprador pode ter acesso ao andamento da obra. Já o serviço Personal Line permite o contato com o arquiteto responsável para que possa fazer as modificações possíveis no projeto. O cliente pode financiar inclusive melhorias em seu apartamento.

Mesmo com o grande investimento em CRM, o departamento de Marketing da empresa não está satisfeito e sabe que precisa estudar e investir mais. “Trabalhamos com um negócio muito complexo que envolve obras e financiamento, por isso nossas ações têm que ser estudadas para atender os clientes da forma mais clara possível e sabemos que ainda precisamos trabalhar muito nisso”, completa o executivo da empresa.

Imóveis na web

  Estar próximo do cliente nos dias de hoje também significa ter fortes ações na internet. A Gafisa adotou em 2008 a estratégia on-line como forma de relacionamento e de venda. Para isso um estudo levou à modificação do site com o intuito de deixá-lo mais leve e “navegável”. “A pessoa que acessa o portal quer um mecanismo simples, se for complicado ela desiste”, garante o profissional.
As vendas realizadas através do site representam, no Rio de Janeiro e em São Paulo, 35% do total. “Embora o primeiro contato seja pela internet, fazemos questão que o cliente vá até um decorado para conhecer melhor o espaço que vai adquirir”, explica Luiz Carlos Siciliano.

A empresa criou também há dois meses um aplicativo para iPhones. Com o serviço o usuário pode ter acesso a fotos de plantas e imóveis, analisar formas de pagamento e entrar em contato direto com corretores. Em aproximadamente dois meses a empresa também passará a investir em perfis em rede sociais. “Primeiro estudamos esse mercado para depois entrarmos nele e trabalharmos de forma correta”, comenta o executivo.

Credibilidade e inovação
Como forma de ganhar a confiança do consumidor, a Gafisa passou a investir, desde 2004, mais em divulgar a força de sua marca com 56 anos de existência do que apenas a divulgação de seus produtos. “Credibilidade é sempre importante, ainda mais em um segmento como o nosso”, completa.

Uma das ações realizadas pela empresa para conquistar essa confiança foi o guia “Compra Segura”, que esclarece dúvidas dos consumidores sobre vantagens de comprar um imóvel na planta e explica ainda outros termos específicos do meio.

Se por um lado mostrar o quanto é tradicional é importante, inovação também é essencial para os negócios da construtora. Para isso a Gafisa investe não apenas em estudos de novidades para as obras, mas também trouxe a top Gisele Büdchen para comunicar a marca. “A Gisele é um ícone que traz credibilidade, experiência e jovialidade, assim como a Gafisa”, completa o executivo sobre a construtora que, afirma, está sempre atenta às oportunidades de inovação.

Alguns problemas a serem resolvidos pelo profissional de Marketing


Desempenho da figura que deveria ser chave nas organizações ainda deixa a desejar

Por Bruno Mello, do Mundo do Marketing
Ser profissional de Marketing hoje em dia não é tarefa fácil. São muitos os desafios. E a cada dia surge mais um. Como lidar com a pressão dos acionistas por corte de custos e aumento de lucro no curto prazo? Como agradar o cliente? Como comprovar o retorno de investimento em Marketing? Como inovar? Como engajar o consumidor? Como ativar o produto no ponto-de-venda? Como entender as tendências que terão impacto no seu negócio? Como reagir ao concorrente? Como? Como? Como?
Isso parece até um pesadelo, mas ainda há espaço para muitas perguntas. Para além destes e de outros desafios, no entanto, o primeiro deles é interno. Mais exatamente com o próprio profissional de Marketing. Se esta peça que deveria ser uma das principais dentro de uma organização deixa de funcionar como deveria, toda uma companhia corre o risco de ficar para trás. E é isso que vem acontecendo. Casos de sucesso têm origem ou passagem pelo Marketing, assim como os de fracasso.
O principal problema mora no ego de alguns profissionais do ramo. Os mais velhos acham que já sabem tudo, mas mal conseguem enxergar as mudanças pelas quais o mundo passou e que estão a sua volta. Já acertaram muito em suas ações e nada os detém. É assim, sempre foi assim, e vai continuar sendo assim. Mudar, para que? Alguns são perdulários com foco na mídia tradicional. Escondem-se atrás de fórmulas que seus pares tentam a toda maneira manter como imutáveis.
Velhas questões
Há os mais jovens também que ainda não tem a bagagem suficiente, mas acham que já viajaram meio mundo e seguem cometendo os mesmos erros da geração anterior. Em comum, desde estagiários e analistas até diretores e vice-presidentes, eles agem como consumidores ao desenvolver suas estratégias e ações mercadológicas. O assunto é muito conhecido, mas pouco debatido porque muitos ainda pensam assim. Agir de acordo com seus gostos particulares não é Marketing. É um desastre.
Já falamos aqui que o profissional de Marketing deve ter uma visão holística. Mas, infelizmente, muitos são míopes. Não enxergam nada além do seu umbigo. São celebridades. Líderes do passado. De um mercado que não existe mais. Alguns simulam inovar entrando em modismos. Fazem mais é espuma. E por que continuam? Porque o compromisso, cada vez mais, é com o curto prazo. Em média, um profissional de Marketing não fica mais do que dois anos em uma empresa.
É o tempo necessário para pegar uma onda, surfar, e depois abandonar o barco à deriva. Já não fico mais surpreso ao conhecer casos de empresas que estão engatinhando em segmentação, relacionamento com o cliente e no universo digital – para citar apenas alguns problemas. Afinal, realizar trabalhos eficientes nestas disciplinas exige tempo e estudo, dois artigos de luxo para alguns. É muito mais fácil fazer uma mega campanha publicitária oca que vai colocar a marca em evidência e as vendas, pelo menos, não vão cair.
A situação a que chegamos não é única e exclusivamente de responsabilidade do profissional de Marketing. Vocês sofrem pressão do CEO, do CFO e do conselho. Mas já ouvi de muitos de seus pares que dobram os CEOS e a diretoria. Que são parceiros de negócios. E conseguem isso porque são pessoas, principalmente, inovadoras, pensam como profissional e não agem de acordo com seus gostos pessoais.
Não se trata de perda de princípios. Pelo contrário. É o caso de profissionais abertos para o novo, para aprender, que são universais e que ouvem. Que olham ao seu redor e que veem um mundo muito maior que o seu próprio umbigo. Que arriscam. Que, mesmo com experiência de uma vida inteira, são humildes. Simples. Abertos. Esse é um bom profissional de marketing. Qual deles você que ser?

Regulamentação da profissão de Marketing


PL 1944/07 foi aprovado pela Comissão de Trabalho, mas ainda tem longo caminho a percorrer até a sanção presidencial

Por Sylvia de Sá, do Mundo do Marketing
Após quase cinco anos, o Projeto de Lei que regulamenta o exercício da profissão de Marketing recebeu a primeira aprovação na Câmara dos Deputados. O PL 1944/07, de autoria do Deputado Federal Felipe Bornier (PHS-RJ), vinha tentando ser apreciado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público desde 2008.
O texto, no entanto, deve ainda passar pela Comissão de Finanças e Tributação e pela Comissão de Constituição e Justiça de Cidadania, seguir para discussão no Senado e, finalmente, ser sancionado pelo Presidente da República. A história do Projeto de Lei tem sido motivo divergências nos últimos anos.
Apresentado originalmente em 2005 pelo então Deputado Eduardo Paes, e atual prefeito do Rio de Janeiro, o PL foi publicado no Diário da Câmara dos Deputados no final daquele ano legislativo e ficou parado até o fim de 2006. Desde sua criação, o texto contou com a oposição de alguns parlamentares e gerou polêmica no mercado por igualar o profissional de Marketing ao publicitário.
Projeto foi arquivado por um ano
Ainda em 2006, o Projeto foi arquivado porque Paes não se candidatou à reeleição e não houve pedido para a reabertura do PL. No ano seguinte, o mesmo texto foi encaminhado à Câmara, novamente, pelo Deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO) e recebeu novo processo: 1226/07.
Em agosto daquele ano, o Projeto de Lei 6235/05 foi desarquivado pelo Deputado Wellington Roberto (PR-PB), deixando assim, dois textos iguais a serem aprovados pela Câmara. Somente um ano depois, em setembro de 2007, o Deputado Felipe Bornier (PHS-RJ) apresentou o novo texto 1944/07, que se juntou ao 1226/07. Em outubro do mesmo ano, o antigo 1226/07 foi rejeitado e o novo PL (1944/07) recebeu aprovação para tramitar na Câmara.
O ano de 2008 marcou inúmeras tentativas de votação do PL 1944/07 para ser aprovado na Comissão de Trabalho da Câmara. Um dos fatores que atrasaram o andamento do processo foi a mudança do verbete Nº 2 da Súmula de Jurisprudência da Comissão, que julga a regulamentação de profissões.
PL gerou polêmica entre profissionais
Todos os textos apresentados até então falavam sobre a impossibilidade de outros profissionais exercerem a carreira sem serem diplomados em Marketing. A iniciativa obrigou que o projeto não propusesse uma reserva de mercado para um segmento em detrimento de outras profissões com formação idêntica ou equivalente. Esta medida visava garantir o exercício profissional, com os deveres e as responsabilidades estabelecidos.
Outra mudança realizada no Projeto foi a retirada da criação do Conselho Federal e do Conselho Regional de Marketing, sob a alegação de que a iniciativa para a abertura desses órgãos caberia ao Poder Executivo e não aos parlamentares. Desde que nasceu, o projeto tem provocado discussões acaloradas.
Em sua concepção, o PL apresentava um ponto divergente logo no primeiro artigo, ao dar margem para confusão entre profissional de Marketing e publicitário, caracterizando o executivo como responsável por desempenhar “atividade especializada de caráter técnico-científico, criativo e artístico, com vistas à criar e redigir textos publicitários, roteirizar spots e comerciais de TV, dirigir peças para rádio e TV, planejar investimentos e inserções de campanhas publicitárias na mídia, atender clientes anunciantes, produzir arte gráfica em publicidade e propaganda, gerenciar contas de clientes e administrar agências de publicidade”.
Outro ponto polêmico do primeiro PL apresentado por Paes, em 2005, referia-se ao fato de que, aprovada a Lei, qualquer outro profissional não formado em Marketing estaria impedido de atuar na área, a menos que comprovasse experiência mínima de cinco anos ininterruptos. Passados quase cinco anos desde o primeiro Projeto de Lei que regulamenta a profissão de Marketing, resta saber por mais quantos outros anos o PL tramitará em Brasília.