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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O desenho longe da estética


Como o pensamento do design pode ser aplicado aos negócios nos quais a beleza é o que menos importa
Por Álvaro Oppermann
Ilustração_Berger
Empreendedores visionários pensam como designers, criando experiências pelas quais os consumidores anseiam. Quer um exemplo? Gary Erickson, fundador da Clif Bar, fabricante de barras de cereais. Criada em 1992, a Clif Bar enfrentava uma concorrência acirrada, no final da década de 90, quando Nestlé e Kraft entraram com força no segmento de barras energéticas. Foi nesse nicho que Erickson farejou a oportunidade de um produto destinado a mulheres atletas. Funcionárias da Clif Bar adeptas dos esportes reclamavam da inexistência no mercado de um similar com menos calorias, e mais vitaminas e minerais. Em 1999, a companhia lançou o Luna Bar, desenhado especificamente para o metabolismo feminino. Céticos temiam que a nova barra pudesse canibalizar o carro-chefe da empresa, o homônimo Clif Bar. Hoje, Erickson, o fundador, sorri satisfeito: a novidade tornou-se responsável por 60% das vendas da Clif Bar. Graças a ela, a empresa pode crescer de forma sustentável nesta década, mesmo em um mercado competitivo.
Erickson demonstrou ter mente de designer, apesar de provavelmente nunca ter encostado numa prancheta. E faz parte de um seleto grupo de visionários, capazes de intuir que determinado produto deve ser desenhado para se tornar uma experiência essencial e gratificante. Quem consegue isso produz um ícone. O design de um produto inovador é uma epifania, e tal regra não vale só para artigos tecnológicos e visualmente requintados. “O bom design ocorre mesmo em categorias nas quais a estética não é o atributo principal, como é o caso das barras energéticas”, diz Jay Greene, autor do recém-lançado Design Is How It Works (“Design é como a coisa funciona”, numa tradução livre). Nele, Greene afirma que as companhias mais atiladas são aquelas que, assim como a Clif Bar, antecipam anseios do cliente. “Note que muitas vezes o consumidor nem pediu ou pensou nesse novo produto, mas a necessidade pairava no ar”, diz.
É esse também o caso da Oxo, fabricante de utensílios de cozinha. Às voltas com o problema da mulher, que devido a uma leve artrite tinha dificuldade de manejar facas, descascadores e batedeiras, Sam Farber criou uma linha de produtos mais anatômicos. A obsessão pela anatomia perfeita levou o empreendedor a criar o LiquiSeal, copo que mantém o isolamento térmico perfeito por sete horas. O LiquiSeal foi desenhado para comportar o equivalente a um double tall latte com espuma extra das cafeterias norte-americanas – cerca de 400 ml. O principal diferencial do produto, porém, era a vedação. Os recipientes existentes costumavam vazar quando acoplados ao porta-copos dos carros, devido aos solavancos das ruas. O LiquiSeal, como diz o nome, foi desenhado à prova de vazamento. Apesar de ter sido um rotundo fracasso no lançamento, conquistou mercado pela divulgação boca a boca. Afirma Greene: “O bom design compensa em vendas e em fidelidade”. 

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI169238-16366,00-O+DESENHO+LONGE+DA+ESTETICA.html

Um comentário:

  1. Um case muito interessante é o desenho do Motorola V3, o aparelho foi sucesso mundial e o que me dá mais orgulho é que foi feito por um desinger brasileiro! Suce$$o total!!!

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